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13/06/11

A Árvore Mágica

Era uma vez uma menina chamada Isabel. Ela fazia anos e a mãe deu-lhe uma pequena árvore. Essa Árvore era mágica, mas Isabel não sabia.
Nessa noite, a árvore mágica abriu uma rosa dourada e mágica. Ela era pequena e linda.
No dia seguinte, a Isabel viu a rosa dourada e pequena e disse:
- Mãe, anda cá! Na árvore está uma rosa dourada.
E a mãe disse:
- O quê? Ó meu Deus, é verdade.
De repente, a árvore cresceu à frente delas e abriu dez rosas douradas lindas.
E assim a família viu que a árvore era mágica e ficou feliz para sempre.

Erika, 9 anos (Solothurn)


20/01/11

Pindelo dos Milagres



Lenda da Capela de Nossa Senhora dos Milagres

Reza a lenda que um grupo de crianças tinha por hábito levar gado a pastar para o alto da crica. Por ser um monte de escassa vegetação, os pais não gostavam que elas fossem com o gado para aquele sítio, pois desta forma não engordavam. A certa altura, o gado começou a engordar e as crianças andavam sempre felizes e nunca cansadas. Perante este cenário as pessoas começaram a fazer perguntas, às quais as crianças respondiam que no monte, aparecia a imagem de uma santa, envolta em luz e que brincava com elas, a população tentou levar a imagem para perto da povoação, mas acabava sempre por desaparecer e voltar ao monte onde tinha sido encontrada. Mais tarde, ergueu-se nesse local, uma capela em devoção a Nossa Senhora dos Milagres.

Saber mais sobre Pindelo dos Milagres
Vê onde se situa Pindelo dos Milagres
Os mais pequenos de Oberbuchsiten viram a lenda assim (parabéns a eles):

Aléssia

Daniel

Luana Sofia

29/12/10

Um conto de Natal

De sacola e bordão, o velho Garrinchas fazia os possíveis para se aproximar da terra. A necessidade levara-o longe de mais. Pedir é um triste ofício, e pedir em Lourosa, pior. Ninguém dá nada. Tenha paciência, Deus o favoreça, hoje não pode ser - e beba um desgraçado água dos ribeiros e coma pedras! Por isso, que remédio senão alargar os horizontes, e estender a mão à caridade de gente desconhecida, que ao menos se envergonhasse de negar uma côdea a um homem a meio do padre-nosso. Sim, rezava quando batia a qualquer porta. Gostavam... Lá se tinha fé na oração, isso era outra conversa. As boas acções é que nos salvam. Não se entra no céu com ladainhas, tirassem daí o sentido. A coisa fia mais fino! Mas, enfim... Segue-se que só dando ao canelo por muito largo conseguia viver.

E ali vinha de mais uma dessas romarias, bem escusadas se o mundo fosse de outra maneira. Muito embora trouxesse dez reis no bolso e o bornal cheio, o certo é que já lhe custava arrastar as pernas. Derreadinho! Podia, realmente, ter ficado em Loivos. Dormia, e no dia seguinte, de manhãzinha, punha-se a caminho. Mas quê! Metera-se-lhe na cabeça consoar à manjedoira nativa... E a verdade é que nem casa nem família o esperavam. Todo o calor possível seria o do forno do povo, permanentemente escancarado à pobreza.

Em todo o caso sempre era passar a noite santa debaixo de telhas conhecidas, na modorra de um borralho de estevas e giestas familiares, a respirar o perfume a pão fresco da última cozedura... Essa regalia ao menos dava-a Lourosa aos desamparados. Encher-lhes a barriga, não. Agora albergar o corpo e matar o sono naquele santuário colectivo da fome, podiam. O problema estava em chegar lá. O raio da serra nunca mais acabava, e sentia-se cansado. Setenta e cinco anos, parecendo que não, é um grande carrego. Ainda por cima atrasara-se na jornada em Feitais. Dera uma volta ao lugarejo, as bichas pegaram, a coisa começou a render, e esqueceu-se das horas. Quando foi a dar conta passava das quatro. E, como anoitecia cedo não havia outro remédio senão ir agora a mata-cavalos, a correr contra o tempo e contra a idade, com o coração a refilar. Aflito, batia-lhe na taipa do peito, a pedir misericórdia. Tivesse paciência. O remédio era andar para diante. E o pior de tudo é que começava a nevar! Pela amostra, parecia coisa ligeira. Mas vamos ao caso que pegasse a valer? Bem, um pobre já está acostumado a quantas tropelias a sorte quer. Ele então, se fosse a queixar-se! Cada desconsideração do destino! Valia-lhe o bom feitio. Viesse o que viesse, recebia tudo com a mesma cara. Aborrecer-se para quê?! Não lucrava nada! Chamavam-lhe filósofo... Areias, queriam dizer. Importava-se lá.

E caía, o algodão em rama! Caía, sim senhor! Bonito! Felizmente que a Senhora dos Prazeres ficava perto. Se a brincadeira continuasse, olha, dormia no cabido! O que é, sendo assim, adeus noite de Natal em Lourosa...

Apressou mais o passo, fez ouvidos de mercador à fadiga, e foi rompendo a chuva de pétalas. Rico panorama!

Com patorras de elefante e branco como um moleiro, ao cabo de meia hora de caminho chegou ao adro da ermida. À volta não se enxergava um palmo sequer de chão descoberto. Caiados, os penedos lembravam penitentes.

Não havia que ver: nem pensar noutro pouso. E dar graças!

Entrou no alpendre, encostou o pau à parede, arreou o alforge, sacudiu-se, e só então reparou que a porta da capela estava apenas encostada. Ou fora esquecimento, ou alguma alma pecadora forçara a fechadura.

Vá lá! Do mal o menos. Em caso de necessidade, podia entrar e abrigar-se dentro. Assunto a resolver na ocasião devida... Para já, a fogueira que ia fazer tinha de ser cá fora. O diabo era arranjar lenha.

Saiu, apanhou um braçado de urgueiras, voltou, e tentou acendê-las. Mas estavam verdes e húmidas, e o lume, depois de um clarão animador, apagou-se. Recomeçou três vezes, e três vezes o mesmo insucesso. Mau! Gastar os fósforos todos é que não.

Num começo de angústia, porque o ar da montanha tolhia e começava a escurecer, lembrou-se de ir à sacristia ver se encontrava um bocado de papel.

Descobriu, realmente, um jornal a forrar um gavetão, e já mais sossegado, e também agradecido ao céu por aquela ajuda, olhou o altar.

Quase invisível na penumbra, com o divino filho ao colo, a Mãe de Deus parecia sorrir-lhe. Boas festas! - desejou-lhe então, a sorrir também. Contente daquela palavra que lhe saíra da boca sem saber como, voltou-se e deu com o andor da procissão arrumado a um canto. E teve outra ideia. Era um abuso, evidentemente, mas paciência. Lá morrer de frio, isso vírgula! Ia escavacar o ar canho. Olarila! Na altura da romaria que arranjassem um novo.

Daí a pouco, envolvido pela negrura da noite, o coberto, não desfazendo, desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim ardia que regalava; só de cheirar o naco de presunto que recebera em Carvas crescia água na boca; que mais faltava?

Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda. É servida?

A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino também.

E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.

- Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia de um patriarca. – A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José.

Para saberes mais sobre o autor deste conto: Miguel Torga

19/12/10

O bacalhau


Ah! A música de Natal... e se for com Lewis Armstrong 'Zat you Santa Claus?...

Desta vez não é uma lenda, mas uma história: tradicionalmente, os portugueses comem bacalhau pelo Natal. Mas que estranho peixe é esse? Donde vem? Vamos conhecer o fiel amigo, nome carinhoso que também se dá ao bacalhau.

Todos sabem que há muitas receitas de bacalhau. Quase podíamos dizer que cada cozinheiro/a tem a sua. Mas pode-se tentar prepará-lo de muitas maneiras. Vê algumas receitas.

15/12/10

Lenda da fundação da Sertã



Há muitos, muitos anos, os Romanos invadiram as terras onde hoje é Portugal e lutaram com os Lusitanos que possuiam menos armas, mas eram muito valentes.
Num dos recontros em que morreram muitos soldados de ambos os lados, surgiu uma mulher lusitana chamada Celinda que, ao ver o marido morto, avançou contra os romanos atirando-lhes à cara azeite que trazia a ferver numa sertã. Desta maneira ajudou a defender a fortaleza lusitana.
Por este episódio a povoação passou a chamar-se Sertã (vila da Beira Baixa) e no seu brasão de armas lá tem gravada a frigideira da Celinda. 

Para saber mais sobre a Sertã
Onde se localiza a Sertã

30/11/10

Lenda do Castelo de Bragança ou da Torre da Princesa



Quando a cidade de Bragança era ainda a aldeia da Benquerença, existia uma princesa bela e órfã que vivia com o seu tio, o senhor do Castelo. A princesa tinha-se apaixonado por um jovem nobre e valoroso, mas pobre, que também a amava, e que tinha partido para procurar fortuna, prometendo só voltar quando se achasse digno de a pedir em casamento. Durante muitos anos a princesa recusou todas as propostas de casamento até que o tio resolveu forçá-la a casar-se com um nobre cavaleiro seu amigo. Quando a jovem foi apresentada ao cavaleiro decidiu contar-lhe que o seu coração era do homem por quem esperava há 10 anos, o que encheu de cólera o tio que resolveu vingar-se. Nessa noite, o senhor do Castelo disfarçou-se de fantasma e entrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa, disse-lhe que esta seria condenada para sempre se não acedesse a casar com o cavaleiro. Quando estava a ponto de a obrigar a jurar por Cristo, a outra porta abriu-se e, apesar de ser de noite, entrou um raio de sol que desmascarou o falso fantasma. A partir de então a princesa nunca mais foi obrigada a quebrar a sua promessa e passou a viver recolhida numa torre que ficou para sempre lembrada como a Torre da Princesa. As duas portas ficaram a ser conhecidas pela Porta da Traição e a Porta do Sol.


Para saberes mais sobre Bragança 
Vê também no mapa

26/11/10

LENDA DA MOURA DA PONTE DE CHAVES

LENDA DA MOURA DA PONTE DE CHAVES
 Depois da retoma de Chaves pelos Mouros, em 1129, ficou alcaide do castelo um guerreiro que tinha um filho que adorava, de seu nome Abed, e uma sobrinha. Por vontade do alcaide, ambos ficaram noivos. A bela jovem não recusara Abed, pois os mouros poucos eram ali e nenhum lhe despertara paixão.

Uns anos depois, os cristãos do jovem reino de Portugal iniciaram a conquista da região de Chaves, tendo mesmo atacado a cidade. À frente do exército português estavam os cavaleiros Rui e Garcia Lopes, irmãos de D. Afonso Henriques. O alcaide e seu filho encabeçaram a resistência moura e a defesa do castelo.

Mas a população da cidade, perante os ataques cristãos, começou a fugir da cidade desesperadamente. Era grande a confusão entre guerreiros e fugitivos. Impassível àquelas correrias, mantinha-se a sobrinha do alcaide. A vida pouco lhe dizia, desde que ficara órfã devido à guerra. Entretanto, o alcaide e o filho lutavam tenazmente, embora sem sucesso.

Numa dessas ocasiões, enquanto apreciava os combates, a moura fixou os olhos num belo jovem guerreiro cristão que ganhava com os seus homens cada vez mais posições no castelo. No mesmo instante, o guerreiro parou a ofensiva. Dirigindo-se a ela, interpelou-a acerca da sua presença ali.

O que fazia uma tão bela mulher num triste espectáculo daqueles? Respondeu a jovem que queria perceber a guerra, coisa que o cristão lhe disse ser só para homens que na guerra jogam a vida. Retorquiu a moura que o mesmo faziam as mulheres, dando-lhe o exemplo da sua orfandade devido à guerra.

O cristão lamentou o facto e quis saber se ela estava só. Quando a moura respondeu que vivia com o tio, alcaide do castelo, o guerreiro mandou levá-la imediatamente para o seu acampamento. A luta prosseguiu, entretanto.

O castelo acabou por ser tomado e oferecido pelos Lopes a D. Afonso Henriques. Contudo, a jovem moura manteve-se refém dos cristãos que não a trocaram por cativos mouros. Passou a viver com o cavaleiro que a raptara, num ambiente de felicidade.

Abed, conhecedor da situação, nunca lhes perdoou. Depois de restabelecido de um ferimento de guerra, voltou a Chaves, disfarçado de mendigo. E como não conseguisse acercar-se da sua apaixonada, um dia esperou-a na ponte. Pediu-lhe esmola. A jovem estendeu a mão para o pedinte e, nesse momento, algo de fatídico aconteceu. Olhando-a nos olhos, Abed disse-lhe:

- Para sempre ficarás encantada sob o terceiro arco desta ponte. Só o amor dum cavaleiro cristão, não aquele que te levou, poderá salvar-te. Mas esse cavaleiro nunca virá!

Ouviu-se um grito de mulher. A jovem tinha reconhecido Abed. Contudo, como por magia, a moura desapareceu para sempre. Abed fugiu de seguida. Só as damas cristãs que a acompanhavam testemunharam o sucedido.

Desesperado, o guerreiro cristão que com ela vivia tudo fez para a encontrar. Procurou incessantemente na ponte e até pagou para que lhe trouxessem Abed vivo para quebrar o encanto. Mas a moura encantada da ponte de Chaves nunca mais apareceu e o cristão morreu numa profunda dor e saudade, ao fim de alguns anos.

Ora, diz o povo, que certa noite de S. João, cheia de luar, pela ponte passou um cavaleiro cristão. Ouviu, surpreso, murmúrios. Não viu ninguém, mas ouviu uma voz de mulher pedindo ajuda e que lhe disse docemente:

- Estou aqui em baixo, na ponte, sob o terceiro arco.

Estranhou a situação. Procurou sob o dito arco; no entanto, continuava sem ver a moura. Ouviu outra vez a moura que agora lhe dizia estar "encantada" e lhe pedia que descesse e a beijasse para a salvar. Mas o cavaleiro hesitou. Tocou no crucifixo que ao peito trazia e recordou-se dos contos que a mãe que lhe costumava contar sobre as desgraças de cavaleiros entregues aos feitiços de mouras encantadas. Perante estes pensamentos, olhou para o cavalo, montou-o e partiu, jurando nunca mais ali passar à meia-noite.

Assim, a moura da ponte de Chaves ali ficou para sempre encantada. E nas noites de S. João, conta o povo, ouvem-se os seus lamentos como castigo do amor que tivera por um cristão.


Se queres saber mais sobre Chaves 
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